segunda-feira, 11 de abril de 2011

Diário de bordo 2 – A continuação



Depois do perrengue da primeira parte, continuamos nosso trajeto pela trilha original, que é light e antes que pensem o contrario todo tipo de carro 4x4 passa bem, não se preocupem. O diabo é essa “veia” de aventureiro que tenho e que não me deixa ver uma boa trilha no meio do caminho sem querer explorá-la. Aí ,de vez em quando, entro numa roubada.

Voltando a nossa planilha, no caminho muito visual, deixamos o estradão da serra em direção a cidade de Araruna. Passamos pelo centro histórico e seguimos em direção a cidade de Tacima. No meio do caminho aquela “veia” que falei a pouco começou a coçar novamente. Aí eu falei para o Flávio: “Amigo, seguindo direto chegaremos a Tacima, mas eu queria ver se a gente arranjava uma trilha para sair depois de Tacima, lá pras bandas de Riachão. Topas?”  Como ele balançou a cabeça num gesto de aprovação, fomos em frente. Perguntei a alguns transeuntes se havia alguma estrada que ligasse Araruna à Riachão, e as respostas foram desanimadoras. Mas não sou de desistir fácil, então procurei novamente no GPS e nadica de trilha. Cocei um pouco a cabeça e resolvi arriscar. Olhei mais ou menos na direção que eu queria ir e falei ao meu companheiro: “Vamos pegar a primeira estrada que tiver descendo a direta que não é possível que não tenha uma saída”.  Então, de longe vimos uma entrada e emburacamos nela e de fato a estrada que era muito bonita foi ficando apertada, tomando jeitão de trilha. A trilha foi ficando cheia de dificuldades, então decidimos parar numa casinha e pedir informações. Ao nosso encontro correu uma menina e ao seu lado uma moçinha. Daí falei: “Moça, nós “tamo” querendo chegar em Riachão. Por aqui vai? Ela disse: “Há um caminho, mas é caminho de cavalo. Depois dessa porteira velha o senhor entra, cruza o rio e segue a trilha. Olhe moço, que eu saiba, só vai cavalo! Tanto que praquelas bandas tem uma casa, mas o moço de lá deixa sempre o carro do lado de cá.

Amigos é impressionante como nessas horas a coceira aumenta e a vontade de explorar chega a ser inquietante. Quando olhei para o Flávio vi que seus olhos brilhavam iguais aos meus. Pensei na hora: “Lascou-se tá com o mesmo vírus que eu”. E aí não deu outra. Falamos: “É por aqui mesmo que a gente vai”. E seguimos rumo ao desconhecido. Mas, antes de cruzar o rio, eu, macaco velho, tirei o tênis e fui ver a profundidade e o solo do rio. De um lado lama, do outro pedra. Passamos pela pedra que ninguém é besta e seguimos a trilha que foi ficando apertada, sinuosa, com pedras, subidas e descidas e de repente, escutamos um barulho. Pensei: “São motos de trilha e os caras tão vindo no sentido contrario”. Paramos os motoqueiros que vinham de Riachão. Eles nos deram informações da trilha. No caminho tem um rio para cruzar, mas sem problemas, a bronca tá numa descida íngreme, tipo pirambeira com muitas pedras soltas. Mas acho que vocês conseguem passar. “Afinal, ladeira abaixo todo santo ajuda, né? “Seguimos bem até o rio, quando enganchamos o diferencial do troller numa pedra, mas saímos logo. Subimos uma trilha esburacada e quase caímos com uma das rodas numa valeta, mas chegamos salvos ao topo. Vista belíssima e privilegiada de toda região então chegou a hora de encarar a descida.

De fato, eu nunca tinha visto uma descida como aquela. Com tantas pedras grandes e soltas, nosso valente troller teve que descer o tempo todo em primeira reduzida e bem devagarzinho para não escorregar, por falar em escorregar, ao finalizarmos essa descida entramos na fazenda Riachão e já comemorando a chegada, passamos por cima de uma barragem altamente escorregadia e que com a nossa distração nos fez descer sem querer a parede da barragem, caindo num buraco com lama. Pense num um susto grande! “Home, esse susto foi tão grande, tão grande, que toda vez que Flávio fala do acontecido, ele aumenta a altura da barragem que já foi de 2m para 3m e agora já está em 5m de altura.” rs,rs,rs,rs,rs.

Bem nesse dia encerramos nossa aventura na cidade de Riachão, mas, não antes do povo da fazenda nos olhar como se estivessem vendo uma nave extraterrestre chegando a terra, sem acreditarem que a gente, sozinhos, tivesse chegado ali por aquele caminho. Até a próxima. 

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